Bem Vindos à Sapologia

A Sapologia é um blog feito aos amantes da herpetologia, focado especialmente nos anfíbios, porém sem esquecer dos lagatos, das cobras, e tudo aquilo ao que os herpetólogos amam.

Sei que é difícil explicar o carinho e o respeito por estes animais: são poucos os que compreendem a curiosidade intrínseca, ou científica (ou ambos), daqueles que são verdadeiros aficcionados por estes tetrápodes de sangue frio.

Gostaria de salientar que todas as informações que apresento na Sapologia são produto, especialmente, de estudo através de livros técnicos-científicos (os quais estão listados no gadget "Livros Científicos para Consultas Herpetológicas"). Também lanço mão de artigos científicos publicados, artigos de revistas e jornais de acesso ao grande público não-acadêmico, e sites como, por exemplo, Amphibian Especies of the World (http://www.research.amnh.org/herpetology), International Union for Conservation of Nature and Natural Resources (http://www.iucnredlist.org/amphibians) e Conservation International (http://www.conservation.org/Pages/default.aspx), sendo que quando utilizados como fonte, o fato é notificado ao final do post.

Sejam todos bem vindos !
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Crocodylus niloticus

A Herpetoteca - Os Parentes e os Amigos

Na seção "Herpetoteca" vou apresentar, em posts, algumas das espécies descobertas pela herpetologia, e algumas curiosidades, eventualmente, sobre as espécies aqui apresentadas. Para facilitar as consultas, usarei como etiquetas nos posts, a família, o gênero e o nome da espécie, desta forma todos poderemos nos guiar pelo gadget "Assuntos do Brejo", logo abaixo do "CineHerpeto".

8 de dezembro de 2009

Na Boca da Cobra

Kynyongia magomberae, espécie de camaleão recém descoberta na Tanzânia

Andrew Marshall, do Departamento de Meio Ambiente da Universidade de York, realizava uma de suas coletas para estudos da diversidade das florestas de Magombera, na Tanzânia, quando deparou-se atônito com uma serpente abocanhando algo.

Ao notar a aproximação do pesquisador, a serpente assustou-se e largou de imediato o ítem - quase - alimentar. O ítem, para espanto do pesquisador, estava vivo e ainda intacto. Numa inspeção melhor, tal ítem mostrou-se uma espécies de camaleão a qual ainda não havia sido descrita.

Juntamente com outros dois exemplares da espécie coletados nestas florestas, estes entraram na catalogação de espécies como Kynyongia magomberae, em homenagem à floresta de onde foram coletados e a qual se mostra grandemente degradada.

A capacidade de camuflagem dos camaleões faz com que passem desapercebidos aos olhos humanos, e por isso várias espécies devem estar para serem descritas ainda. A biologia e história natural destes os torna altamente endêmicos (grande número de espéceis em poucos lugares do mundo), já que este grupo é caracterizado, também, por movimentos lentos (i.e. camuflagem) e pequena dispersão (i.e. movimentos lentos, pequeno porte).

Andrew espera que descobertas como esta colaborem para a preservação das florestas de Magombera.


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14 de novembro de 2009

Dendropsophus minutus

- Seção Herpetoteca -



Antes incluída no gênero Hyla (i.e. Hyla minuta), esta espécie foi recentemente transferida para o gênero Dendropsophus (Faivovich, et al., 2005).

É um dos anuros mais comuns da América do Sul, onde pode ser encontrada em qualquer região do leste dos Andes, em especial no Brasil. Habita particularmente florestas tropicais úmidas, áreas 'pantanosas' e bordas de florestas. Ou seja, qualquer lugar que seja úmido o suficiente!!!


Mapa retirado dehttp://www.iucnredlist.org/apps/redlist/details/55565/0/rangemap


Os Machos possuem 20-23mm, e as fêmeas 24-26mm. Seu porte pequeno e seus discos de adesão úmida nas extremidades das falanges (dedos), permitem que subam em gravetos finos e altos, e até mesmo folhas de mato alto, sem dobrá-las!), o que lhes garante uma certa proteção a predadores no solo, durante a corte.

A corte ocorre durante os meses chuvosos (novembro a maio, principalmente), quando os machos vocalizam de gravetos e folhas pendentes sobre os corpos d'água temporários (i.e. poças de chuva), agardando pelas fêmeas. Quando estas se mostram dispostas, depositam os ovos nas partes mais baixas dos gravetos/folhas, próximos da água. Os girinos então se desenvolvem nestas massas globosas de ovos até serem empurrados para a água, onde terminam de se desenvolver.

Talvez esta espécie seja, na verdade, um complexo de várias espécies muito parecidas, as quais ainda não foram devidamente separadas pela atual taxonomia (i.e. identificação das espécies).

Informações retiradas de Guia de sapos da Reserva Adolpho Ducke e do site http://www.iucnredlist.org/apps/redlist/details/55565/0

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17 de maio de 2009

Citridiomicose, o Pesadelo Anfíbio - Parte I

Atelopus zeteki - O sapo-dourado panamenho. Foi extinto na natureza pela doença 'citridiomicose'. Felizmente, esta espécie está mantida em tarrários, com a finalidade de reintroduzir a espécie (dos males, o menor).

A doença possui vários nomes (citrídio anfíbio, fungo citrídio, ou citridiomicose), mas é causada por um mesmo fungo, o Batrachochytrium dendrobatidis, um fungo zoospórico citrídio não-hifal.

É uma das principais causas do declínio populacional que abate as populações de anfíbios por todo o mundo, e já causou a extinção de espécies inteiras pela América do Norte, Central, do Sul, Ausrália oriental e Caribe. Pode estar afetando pelo menos 30% de todas as 6.300 espécies de anfíbios, causando desde morte esporádica até 100% de mortaidade dependendo da população hospedeira.
Atualmente não se conhece um controle efetivo para a doença no ambiente natural.

A doença pode causar excesso de descamamento da epiderme, acúmulo de fragmentos mortos da derme, pequenas e eventuais úlceras e hemorragias, e enrrugamento anormal da derme. Também causa alterações no comportamento , como letargia, perda parcial ou total de reflexo, e freqüênte assumo de posturas anomais, como manter as pernas trazeiras afastadas do corpo quando em postura de descanso.

Sapo Neozelandês morto pelo ataque do fungo

Felizmente, estudos mostram que algumas populações resistem à infecção pelo patógeno, algumas sobrevivendo quando expostas à doença, e outras podem portar formas não-patogênicas do fungo.


- CONTINUA -

10 de maio de 2009

Madagáscar, 160 milhões de anos depois

Boophis aff. elenae - uma das novas espécies encontradas na endêmica Madagáscar

A ilha de Madagáscar, a quarta maior ilha do mundo, se separou da África a aproximadamente 160mi de anos, resultando numa fauna única no planeta. Mais de 80% da fauna de mamíferos em Madagáscar só pode ser encontrada ali, e somente uma das 217 espécies de amphíbios, anteriormente conhecidos da ilha, pode ser encontrada em outro lugar senão em Madagáscar. Estes fatos somados ao longo histórico de devastação os quais marcam as florestas tropicais da ilha, a colocam como um dos maiores hotspots mundiais (juntamente com o Cerrado, a Floresta Amazônica e a Mata Atlântica).

Em maio, foi publicado no jornal "Proceedings of the National Academy of Sciences", pela CSIC espanhola, que entre 129 e 221 novas espécies de sapos foram descobertas na ilha de Madagáscar, sendo que quase um quarto das espécies descobertas ainda não foram encontradas em áreas não-preservadas, o que mostra a vívida necessidade da criação de mais áreas para a conservação da vida silvestre nesta ilha; servindo também para conjecturações sobre o verdadeiro estado da conservação deste tipo no mundo, já que a qualidade da consevação da ilha era considerada pelo menos razoável.

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Sapos caseiros, infelizmente


Rhinoderma darwinii: Não-visto desde 1980 na natureza, aqui sendo alimentado em terrário, Universidad de Concepcion, Chile


O Zoológico de Leipzig, Alemanha, e outras identidades, estão unindo forças desde 2007 para a preservação da vida anfíbia, em um projeto batizado de "Amphibian Ark" (da língua inglesa 'Arca Anfíbia'). A crise se deve a um fungo que ataca principalmente os sapos. Devido a este fungo , e a outros fatores como fragmentação e destruição de hábitat, e especialmente no caso dos anfíbios, à poluição, quase a metade das aproximadamente 6.000 espécies de anfíbios do mundo podem estar em risco de extinção. Em colaboração do Zoo de Leipzig, a Universidade de Concepcion, Chile, está criando sapos em terrários, como Rhinoderma darwinii, mostrado acima, o qual não é visto na natureza desde a década de 1980.

Fonte parcial: http://www.guardian.co.uk/environment/gallery/2009/may/08/week-in-wildlife?picture=347081013

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8 de maio de 2009

Mabuya nigropunctata

- Seção Herpetoteca -


Esta espécie, pertencente à sub-família Lygosominae, pode ser encontrada por toda a Floresta Amazônica, até o sul do Estado de Mato Grosso do Sul, e em alguns locais da Mata Atlântica.
Tem como componentes de sua dieta invertebrados, outros lagartos e ovos de pequenas aves, sendo, pois, uma dieta muito generalizada. Desta forma, sobrevive em locais altamente perturbados e antropizados, podendo ser encontrado até mesmo em locais arborizados de algumas cidades.
É um lagarto heliotérmico, pois permanece em locais abertos dentro da mata (como clareiras, bordas de fragmentos, no dossel e mesmo no sub-bosque, quando este possui uma alta incidência solar) para se aquecer sob o sol.
É vivíparo (i.e. mantém seus embriões em desenvolvimento dentro de si, até que estes embriões tenham sua formação como juvenil completa), podendo manter de 2 a 9 embriões por "gestação".
Informações obtidas, principalmente, pelo Guia de Lagartos da Reserva Adolfo Ducke - Amazônia Central

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1 de maio de 2009

Osteocephalus oophagus

- Seção Herpetoteca -


Esta espécie de perereca ocorre no Estado do Amazonas, noroeste do Pará, Guiana Francesa e Colômbia, sendo encontrada no sub-bosque, pois seus girinos se desenvolvem na água que se acumula nas plantas epífitas, especialmente em bromélias. A fêmea retorna a cada 5 dias, aproximadamente, à área de reprodução do macho, e copula novamente com este, depositando seus novos ovos juntos com aqueles mais antigos, resultantes da primeira cópula. Desta forma, os girinos da primeira desova emergem dos ovos antes daqueles que fazem parte das desovas subseqüentes, se alimentando dos ovos (a este fato se deve o seu epíteto: oophagus - "comedor de ovos"). Não é uma espécie comum, porém, aparentemente, não possui nenhum fator que demonstre se há declínio populacional. Seu tamanho varia de 4cm (macho) até 6cm (fêmea), aproximadamente.
Informações obtidas pelo IUCN-RedList (http://www.iucnredlist.org/details/29408) e pelo
Guia de Sapos da Reserva Adolpho Ducke
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Noblella pygmaea

- Seção Herpetoteca -



Esta espécie da região mais ao sul do Peru foi descrita na edição de fevereiro da revista científica Copeia, deste ano. Minúscula ( 11,4 mm ! ), pertence á família Strabomantidae.

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8 de abril de 2009

Expedição Científica à Papua-Nova Guiné


A ONG Conservation international (CI) liderou uma expedição científica para as montanhas de Papua-Nova Guiné, ilha do Pacífico, pertencente Oceania. Nesta expedição, talvez 56 novas espécies (ainda não descritas) foram encontradas, dentre animais e plantas. Em destaque estão o sapinho do gênero Oreophryne (Microhylidae), as duas pererecas dos gêneros Nyctimystes e Litoria (Hylidae), e uma espécie de lagartixa do gênero Cyrtodactylus (Gekkonidae).

Esta expedição faz parte do Programa de Avaliaçao Rápida (Rapid Avaliation Program - RAP), o qual é desenvolvido em parte por cientistas locais, da CI, das universidades de British Columbia (UBC), do Canadá, e Montclair State, dos Estados Unidos. Esta primeira expedição durou um mês (julho-agosto) no ano de 2008.
Como a maior parte da biodiversidade de Papua-Nova Guiné continua obscurecida do conhecimento científico, a CI pretende embandeirar mais três expedições como esta, a parir de abril deste ano.

De cima para baixo: Litoria, Oreophryne, Nyctimystes e Cyrtodactylus.
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31 de março de 2009

Invasores Inocentes

Rhinella marina

Na Austrália, a 75 anos, foi introduzido o sapo-da-cana (Rhinella marina), originário da América Central e Sul. Essa introdução não foi acidental, na realidade foi proposital, pois as fazendas de cana australianas estavam sofrendo com infestações por besouros, sendo os sapos uma possível solução.

Errado: estes sapos não conseguem pular muito alto, nem escalar a cana, sendo que os bsouros habitam as altas extremidades a cana.

Resultado: os sapos se tornaram uma praga, pois não só se alimenta dos insetos que serviam como base nutritiva dos sapos nativos australianos, como seus hábitos noturnos e seu gande tamanho (até 20cm ! ) propicia sua atividade predadora de lagartos, marsupiais de pequeno porte, pássaros e outros sapos, os quais são nativos. Ou seja, os sapos nativos perdem de duas formas coabitando com o sapo-da-cana: perdem comida, por competição; e sofrem predação por parte dos invasores.

Atualmente, na Austrália, está sendo organizado um "dia de caça aos sapos-da-cana", com o intuito de reduzir a população de Rhinella marina, e funciona assim: os fazendeiros caçam à noite os sapos, os capturam e os matém vivos, para entregá-los (vivos) aos especialistas que irão identificar se aqueles indivíduos pertencem realmente à espécie, evitando a mortandade de indivíduos de outras espécies.

Sendo confirmada a espécie, os sapos-da-cana serão mortos em freezer ou em sacolas repletas de gás carbônico, pois assim eles morrerão da maneira mais respeitosa possível (afinal, os indivíduos não têm culpa pela sua introdução mal-calculada). Seus restos serão então transformado em adubo para os próprios fazendeiros.

Mais informações a respeito, o arigo in silico do New York Times 'Toxic Toads Targeted in Australia's 'Toad Day Out' ' pode ser visitado pelo link http://www.nytimes.com/aponline/2009/03/26/world/AP-AS-Australia-Toad-Day-Out.html .
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22 de março de 2009

IV Congresso Brasileiro de Herpetologia




Neste ano, mais precisamente entre as datas 12 e 17 de julho, será realizado em Pirenópolis (Goiás), o IV Congresso Brasileiro de Herpetologia.
Pirenópolis é uma cidade reconhecida por suas belezas naturais, sendo localizada no pé da Serra dos Pirineus.

O Congresso será organizado pela Universidade de Brasília (UnB), e apresentará minicursos interessantes sobre os mais variados assuntos dentro da herpetologia, desde fotografia nos estudos herpetológicos, até metodologia dos estudos comportamentais em herpetologia.

Também haverá simpósios muito interessantes, sobre filogeografia de anuros brasileiros, paleoherpetologia, educação ambiental e herpetologia, e muitos outros, todos realmente interessantes.

E mais, ao se inscrever no Congresso, você ainda pode se inscrever na Sociedade Brasileira de Herpetologia (SBH), o que realmente vale a pena (especialmente para graduandos), pois as vantagens não se restringem ao recebimento da revista da South American Journal of Herpetology e aos preços aceitáveis.

Para os que se interessaram, o site do congresso (http://web.me.com/grcolli/IV_CBH/Bemvindo.html) e da SBH (http://www.sbherpetologia.org.br/) incluem maiores informações.
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Oxyrhopus petola